1. Terminou no passado dia 11 de Outubro, com a realização da eleição para os órgãos autárquicos, um ciclo marcado por três actos eleitorais, o qual concentrou grande parte das atenções e recursos do colectivo partidário, no concelho de Valongo, como no país, neste ano de 2009. Independentemente da avaliação que pode ser feita dos resultados das três eleições - Europeias, Legislativas e Autárquicas -, vale a pena sublinhar que este ciclo eleitoral se marcou por um significativo envolvimento e participação dos militantes e activistas do PCP e da CDU, bem como de um grande número de independentes, na vida e actividade do Partido, assim se confirmando a premência, atractividade e capacidade de mobilização do seu projecto, traduzido, nestes casos, num forte apoio aos programas eleitorais e listas de candidatos apresentados aos sucessivos actos eleitorais. No caso do concelho de Valongo, este apoio foi bem visível nos períodos preparatórios que antecederam as três eleições, nas campanhas eleitorais muito participadas que pudemos levar a cabo e, em geral, no forte entusiasmo e dinâmica de trabalho que, ao longo dos últimos meses, pontuaram a vida do Partido no concelho. O Secretariado da Comissão Concelhia de Valongo do PCP saúda, pois, os militantes, activistas e simpatizantes do Partido e da CDU por este facto, que a todos deve motivar e que pode seguramente constituir um incentivo adicional ao reforço da nossa capacidade de organização e intervenção junto dos trabalhadores e das populações do concelho.
2. No que toca aos resultados dos três actos eleitorais, a sua avaliação deve ter em consideração o carácter e finalidade muito diferenciados das três eleições realizadas. Tendo em conta os resultados verificados no concelho, pode dizer-se, de forma sintética, que eles foram, para a CDU, globalmente positivos nas Europeias e Legislativas e globalmente negativos nas Autárquicas. Nas Europeias, num quadro marcado por um ligeiro aumento da participação eleitoral, a CDU recolheu, no concelho de Valongo, 2967 votos, mais 802 do que em 2004, elevando o seu peso eleitoral de 7,47% para 9,52% - ainda que com passagem de terceira para quarta força mais votada (seguindo-se ao PS, PSD e BE). Nas Legislativas, o crescimento eleitoral foi menor: 150 votos. A CDU passou de 3292 para 3442 votos, e de 6,64% para 6,84%, tendo ficado em quinto lugar nas escolhas dos eleitores do concelho (em 2005, a CDU havia ficado em quarto, atrás de PS, PSD e BE, tendo tido agora menos votos do que estes partidos e também menos votos que o CDS-PP). Vale a pena referir, entretanto, que este crescimento ocorreu num quadro marcado pelo aumento da abstenção e por um considerável decréscimo do número de votos do Partido Socialista, o que significa que, também no concelho de Valongo, a CDU contribuiu para a perda da maioria absoluta que aquele partido detinha até então.
3. No caso das Eleições Autárquicas, acto que fechou o ciclo eleitoral de 2009, o resultado foi, no concelho de Valongo, claramente negativo para a CDU. À parte a natural frustração daqueles que participaram activamente na campanha eleitoral, dos que nos apoiaram permanentemente e dos milhares de eleitores que confiaram o seu voto à CDU - e que esperavam um reforço da representação desta força política nos órgãos autárquicos concelhios -, um aspecto deve necessariamente ser destacado e valorizado: referimo-nos ao grande entusiasmo e forte envolvimento que se verificou em torno do projecto autárquico da CDU por parte dos militantes e activistas do Partido, bem como de muitas dezenas de independentes, que a nós se juntaram antes e durante a campanha eleitoral, fazendo desta eleição um momento de prestação pública de contas quanto à vasta e qualificada intervenção realizada nos últimos quatro anos pelos eleitos autárquicos da CDU e de forte afirmação do projecto autárquico desta força política. Em resultado desse envolvimento, a CDU pôde desenvolver uma pré-campanha e uma campanha eleitoral organizada, viva e mobilizadora, uma campanha muito participada, com qualidade e pela positiva, não obstante os escassos recursos disponíveis. Cabe agora ao colectivo partidário fazer reverter o entusiasmo verificado a propósito da eleição do passado dia 11 de Outubro em reforço da nossa organização e da nossa capacidade de intervenção junto das populações do concelho - dentro e, sobretudo, fora dos órgãos autárquicos.
4. Quanto aos resultados propriamente ditos, deve dizer-se que não foi alcançado nenhum dos três objectivos definidos pela Comissão Concelhia de Valongo do PCP para esta eleição: reforço do número de votos da CDU, reforço do seu peso eleitoral e reforço da sua representação nos órgãos autárquicos do concelho (designadamente com a eleição de um representante para a Assembleia de Freguesia de Valongo). Pelo contrário, o que aconteceu foi uma perda generalizada de votos e uma diminuição da força relativa da CDU, com passagem de sete para quatro eleitos (perda de um dos dois eleitos que mantínhamos há vários mandatos na Assembleia Municipal, perda do representante na Assembleia de Freguesia de Sobrado conquistado em 2005 e perda de um dos três eleitos detidos pela CDU na Assembleia de Freguesia de Campo). A CDU perdeu quase 700 votos na eleição para a Câmara Municipal (de 2857 para 2173 votos e de 6,6% para 4,3%), pouco mais de 600 votos para a Assembleia Municipal (de 3533 para 2919 votos e de 8,1% para 6,2%, com passagem de dois para apenas um eleito) e quase 650 votos para as Juntas de Freguesia (de 3562 para 2918 votos e de 8,2% para 6,2%). No que diz respeito às eleições para as Assembleias de Freguesia, o decréscimo foi acentuado em Campo (de 1158 para 914 votos e de 24,7% para 17,1%, com passagem de três para dois mandatos), Sobrado (de 276 para 159 votos e de 7,9% para 4%, com perda do único eleito que possuíamos) e Ermesinde (de 1324 para 1000 votos e de 7,2% para 5,2%), ainda que, neste último caso, com manutenção do eleito da CDU. Em Valongo, o decréscimo foi bastante menor, tanto em termos absolutos (de 615 para 578 votos), como em termos relativos (de 6,5% para 5,4%) e, em Alfena, a CDU conseguiu mesmo aumentar a sua votação para a Assembleia de Freguesia, passando de 189 para 267 votos e de 2,6% para 3,5%.
5. Não descartando as responsabilidades próprias decorrentes das insuficiências dos nossos meios e de eventuais aspectos menos conseguidos da pré-campanha e da campanha eleitoral, a justificação para um resultado negativo como o que vem descrito no ponto anterior não pode deixar de contemplar o que nos revela uma leitura ampla dos resultados das Autárquicas no concelho de Valongo. Ora, o que essa leitura nos diz é que todas as forças políticas que se candidataram aos órgãos autárquicos concelhios perderam votos face a 2005. Excepto em alguns casos pontuais (a CDU e o PS na eleição para a Junta de Alfena, o PS na eleição para a Junta de Valongo, o PSD na eleição para a Junta de Campo), todos os partidos perderam votos, tendo a perda sido transversal aos sete órgãos autárquicos do concelho. Esta perda, ocorrida num quadro de aumento do número de votantes, traduziu-se na transferência de votos para a candidatura municipal dita independente comandada por Maria José Azevedo e para as candidaturas às freguesias que àquela estavam associadas. A entrada desta candidatura na corrida eleitoral veio alterar profundamente a relação de forças existente e a verdade é que, apesar de não ter vencido em nenhum órgão, a expressiva votação obtida pelas listas de Maria José Azevedo alterou profundamente o quadro político-partidário local. Presentemente, todos os órgãos autárquicos, com excepção da Junta de Freguesia de Valongo, têm lideranças minoritárias, aguardando-se ainda uma definição das forças políticas mais votadas quanto à política de acordos e/ou alianças que vai ser posta em prática, com vista à promoção do normal funcionamento dos órgãos autárquicos do concelho. Fica ainda patente que uma parte da população do concelho viu na autodenominada lista "independente" uma alternativa de governação ou, pelo menos, um meio de retirar a maioria absoluta ao PSD, apesar de se saber que a candidatura de Maria José Azevedo seria mais uma candidatura do bloco central, representando pouco para além dos interesses de um grupo aparentemente saído do PS, na sequência de lutas no interior deste partido.
6. No que toca à CDU, para além das óbvias implicações deste mau resultado - passagem de sete para quatro eleitos e correspondente diminuição da capacidade de intervenção política institucional -, a alteração da correlação de forças no interior dos órgãos autárquicos concelhios, designadamente na Assembleia Municipal e na Assembleia de Freguesia de Ermesinde, fez com que passasse a ser muito menor o peso político desta força política, visto que deixamos, nestes casos, de funcionar como "fiel da balança". O Secretariado da Comissão Concelhia de Valongo do PCP reafirma, porém, a disponibilidade dos seus eleitos para, como é prática habitual, contribuir com as suas propostas e o seu trabalho para a definição das soluções para os problemas que afectam as populações do concelho. A disponibilidade estende-se ao exercício das funções institucionais que, mediante avaliação rigorosa, caso a caso, o colectivo partidário considere serem vantajosas para os Valonguenses e para o desenvolvimento do concelho de Valongo. Independentemente desta intervenção nos órgãos autárquicos concelhios, os Valonguenses saberão, entretanto, que o PCP e a CDU continuarão a seu lado, nos seus locais de trabalho, nos seus locais de residência, lutando em prol dos seus interesses, como sempre fizeram.
Valongo, 22 de Outubro de 2009
O Secretariado da Comissão Concelhia de Valongo do Partido Comunista Português