Por Paulo Morgado*
Um professor que perde a dignidade,
um ignorante padre que ainda prega,
um rei que não acode aos males do reino,
uma mulher que com o marido berra,
um pastor que só pensa na cidade,
barbeiro que de pastos quer sonhar
- Cuidado – São perigo mais mortal
Que um barco a meter água no alto mar.
Uma das característica mais interessantes das organizações de professores, nomeadamente das que integram a Federação Nacional dos Professores, é associar à defesa dos interesses sócio – profissionais, a defesa de uma escola pública universal e gratuita e simultaneamente a defesa de uma escola pública valorizada e dignificada é uma das vertentes da defesa dos interesses sócio – profissionais dos professores portugueses. E é esta concepção que tem contribuído decisivamente, tanto para o sucesso da Gestão Democrática das Escolas, como para a sua resistência apesar de mais de 30 anos de governos, ora do PS, ora do PSD, associados ou não ao CDS/PP, e todos hostis à Gestão Democrática.
O caminho deste governo, como dos anteriores, vai no sentido da destruição das funções sociais do Estado, ora entregando-as aos interesses privados, ora destruindo-os, ora desvalorizando-os aos olhos da opinião pública, através de uma poderosa máquina de propaganda. É na Justiça, é na Saúde, é na Educação, é na Segurança Social. Esta política só pode ser seguida fazendo um forte ataque às organizações representativas dos trabalhadores, criando instabilidade profissional, permitindo o Lei Off, destruindo o nosso aparelho produtivo.
Os ataques à profissão docente e à Escola Publica não são um acto isolado deste governo ou desta Ministra. Os professores são, e não o podem esquecer, trabalhadores como os outros e serão sujeitos à mesma agressão aos seus direitos, incluindo o direito a ter o emprego, que os outros. Quando o governo PSD/PP, com os seus deputados, criou o Código do Trabalho, nós, os professores, pensamos que não era para nós. Este governo do PS, com os seus deputados, agravou-o e agora já está para a Função Pública.
Temos o direito de resposta. Uma primeira resposta pode ser dada participando nas comemorações do 25 de Abril e do 1º de Maio. Depois temos as eleições votando contra esta e as anteriores políticas, votando a favor de uma política de seriedade com aqueles que sempre defenderam a Gestão Democrática, a dignificação da Profissão Docente, os direitos de quem trabalha, uma Escola Pública de qualidade, universal e gratuita. Esta pode ser a nossa resposta. Temos o direito de resposta.
*Publicado no Jornal da Escola Secundária S. Pedro da Cova