De que quererá o PS desviar as atenções?
Em documento tornado público no passado dia 15 de Janeiro, e publicado no Jornal "A Voz de Ermesinde", o Partido Socialista, saindo em defesa do PSD e do Presidente da Junta de Freguesia de Ermesinde, Artur Pais, entendeu responsabilizar o PCP pelo facto de aquele órgão autárquico não ter ainda um Plano de Actividades e Orçamento para 2009 devidamente aprovado.
Não repetiremos aqui os argumentos que fundam a intervenção do PCP, desenvolvida no quadro de uma Coligação de comunistas e de outros democratas - a CDU -, no plano autárquico. Por todo o país, os portugueses sabem que os eleitos da CDU colocam, como nenhuns outros, acima de qualquer interesse pessoal ou partidário os interesses da população e que, por isso, a sua actuação institucional é pautada pela verdade, pela frontalidade e pela disponibilidade para trabalhar com outras forças políticas na obtenção de respostas aos anseios das pessoas. É esse, de resto, um dos principais pilares do Poder Local democrático e é por ele que nos temos batido. A nossa actuação na Junta de Freguesia de Ermesinde não foge, como é óbvio, a estes princípios.
Também não repetiremos aqui as razões das nossas tomadas de posição acerca dos Planos de Actividade e Orçamentos sucessivamente apresentados ao Executivo da Junta de Ermesinde pelo seu Presidente e pelo PSD, partido ao qual cabe a liderança deste órgão autárquico. Tais razões são públicas e podem ser consultadas nos mais diversos pontos: através de leitura das actas das reuniões da Junta, na Internet - através de consulta ao blog da CDU -, nas páginas do Jornal "A Voz de Ermesinde", que o PS agora, como noutras ocasiões, utiliza para atacar a CDU, defendendo o PSD, ou junto dos nossos eleitos na Junta e na Assembleia de Freguesia de Ermesinde, os quais têm inclusivamente um Gabinete de Atendimento à População a funcionar na última 4ª Feira de cada mês. Não faltam, pois, espaços onde a verdade dos factos e a clareza das nossas posições podem ser atestadas. Não obstante, recordámos que a CDU se absteve na votação do Plano de Actividades e Orçamento para 2006, dando o benefício da dúvida à Junta e mostrando-se sensível à questão da necessidade de conclusão do edifício-sede, votou favoravelmente o documento de 2007, no qual foram incluídas diversas propostas por nós apresentadas, que considerámos muito importantes para o desenvolvimento da freguesia, e votou contra as versões de 2008 e 2009, por considerar que não só não haviam sido executadas as deliberações inseridas nos anteriores documentos, como o PSD e, em particular, o Presidente da Junta, não estavam a agir de boa fé e, pior ainda, não demonstravam competência para liderar os destinos de uma autarquia como a de Ermesinde.
Se, em 2008, a proposta de Plano de Actividades e Orçamento viria a passar, foi porque a Oposição, PS e CDU, se abstiveram, para não dar azo a que o Presidente da Junta se vitimizasse e arranjasse mais uma desculpa para continuar a fazer o que melhor sabe fazer: nada. Mas, depois de mais um ano de inércia absoluta, não estamos em condições de continuar a compactuar, seja de que forma for, com este estado de coisas.
Estranhamente, porém, é o PS que se vem doer pelo PSD, mostrando-se muito preocupado com o nosso voto contra. Não percebemos esta preocupação. Se o PS deseja tanto que a Junta tenha Orçamento e Plano de Actividades para 2009, por que razão não vota ele favoravelmente a proposta do PSD? Como maior força da Oposição na Junta, é ao PS que caberia maior responsabilidade nesta questão. Vir agora perguntar à CDU por que motivo não vota favoravelmente a proposta de Plano de Actividades e Orçamento para 2009 é que faz muito pouco sentido, até porque em relação a isto nada foi dito pelo PSD, à partida o principal interessado.
Ao atacar reiteradamente o PCP e a sua eleita na Junta de Ermesinde, Sónia Sousa, o PS mais uma vez faz o jogo do PSD, desviando as atenções do que realmente interessa, que são os Ermesindenses e os seus problemas e a incapacidade que a actual liderança da Junta tem para os atacar.
Ao longo de anos, foi sempre prática habitual do PS fazer acusações mentirosas acerca das opções que o PCP assume quanto ao seu funcionamento e à forma como entende a sua participação nas autarquias. Dava jeito ao PS que aprovássemos o Plano de Actividades e Orçamento da Junta de Ermesinde para 2009? Presumimos que sim. Serviria, como vimos, para que o PS continuasse a desviar as atenções do que realmente interessa e para esconder os entendimentos que vão acontecendo a diversos níveis no seio do bloco central: em questões estruturantes como as que se reportam ao domínio do imobiliário, nas leis autárquicas, na colocação dos seus "boys" (e "girls") em "jobs" existentes ou a criar...
Nunca escondemos a nossa a disposição para trabalhar com quem nos der condições para o fazer. É uma característica que faz parte da nossa identidade em matéria de trabalho autárquico. E também sempre denunciámos o facto de PS e PSD, quando estão no poder, acusarem o PCP de entrar em "acordos" ou de ter determinadas "ambições". Isso, porém, são "soundbytes", cuja finalidade é desviar as atenções do que realmente interessa. É a "política de terra queimada" dos dois partidos. É ambos quererem que nada se faça na freguesia, na lógica do "ora agora estás lá tu, ora agora vou para lá eu" - mudar para que tudo fique na mesma. É uma forma de estar na política na qual não nos revemos e que repudiamos veementemente. Repúdio que, estamos em crer, é partilhado pela esmagadora maioria da população.
Quanto ao caso vertente, fica uma pergunta: se está tão preocupado com a aprovação do Plano de Actividades e Orçamento para 2009 da Junta de Freguesia de Ermesinde, porque continua o PS a votar contra, sem sequer se preocupar em apresentar uma proposta de alteração que seja? Cada força política deve assumir a responsabilidade das decisões que toma e das acções que desenvolve - e nós assumimos a nossa. PS e PSD é que parecem não saber o que fazer aos votos que os eleitores lhes concederam nas eleições de 2005. A não ser esperar que esses votos lhes sejam novamente concedidos, em maior ou menor volume.
A Comissão Concelhia de Valongo do Partido Comunista Português
Ermesinde, 29 de Janeiro de 2009