Nós, os comunistas ou mesmo só independentes eleitos nas listas da CDU, somos amiudadas vezes acusados, pelos nossos adversários políticos, de sectarismo, de bota-abaixo, de tudo criticarmos e de desvalorizarmos as iniciativas dos outros partidos, até mesmo de termos obsessões relativamente a dados assuntos e questões nesta casa tratados.
No entanto, a nossa posição nesta autarquia, não só de agora, mas ao longo dos anos, se avaliada com isenção e objectivamente, por si só bastará para desmentir tais juízos de valor.
Assim, quando a maioria que governa a Junta e cujo executivo a CDU integra, apresentou a esta Assembleia o seu Plano de actividades e orçamento para o ano em curso, demos-lhe o nosso apoio crítico, na forma prática de um voto que viabilizou tais documentos. E não estando de acordo com o todo, ultrapassamos os nossos engulhos, respeitamos as opções dos outros, ainda que contrárias às nossas, e valorizamos as propostas ali apresentadas que nos pareceram e parecem positivas, se executadas.
Para não abusar da benevolência do auditório, enumero apenas algumas e na ordem em que aparecem no documento da Junta que citei:
O início das obras de conclusão deste belo edifício da Junta; a preparação de um protocolo com a LIPOR para recolha selectiva de resíduos orgânicos; pequenas obras de beneficiação no mercado; promoção de campanhas de sensibilização ambiental; análise periódica da água das fontes e fontanários da freguesia; plantação de árvores nos espaços públicos; organização de um gabinete de acção social; promoção de actividades desportivas regulares para idosos; atribuição de apoios às associações e colectividades, com base em novas regras constantes de um regulamento (que continua no limbo); beneficiação de parques infantis, etc., etc…
Devo esclarecer que os itens que citei, entre outros, não passaram do plano das intenções.
Ora, um dia destes, vai a maioria política desta Junta submeter à apreciação desta Assembleia um novo plano, um novo orçamento, para um novo ano. Que nos vai propor este ano a maioria, que promessas orçamentais e planeadoras nos vai fazer? A seu tempo veremos e a seu tempo voltaremos a avaliar o que estas valem.
Se os propósitos anunciados pela própria maioria, não foram cumpridos, que dizer então da maioria das propostas e recomendações que a CDU apresentou ao longo do ano? É tudo muito cortesmente ouvido - valha-nos ao menos a cortesia - tudo muito bem anotado e quase tudo muito melhor esquecido.
Temos sérias dificuldades em perceber como é que uma Junta que dispõe de um Presidente a tempo inteiro e de um secretário e de um tesoureiro com condições de trabalho e de execução, a nosso ver mais que suficientes, chega ao fim do ano com a execução dos próprios planos que se propõe executar neste estado.
Como nos custa também compreender - e assistimos a isto com desgosto - os pobres e vagos conteúdos das ordens de trabalho desta Assembleia. Feita a crítica ou o reparo, sugiro à Mesa que, de futuro, analise a possibilidade de incluir um tema de interesse para a cidade, para os eleitos aqui debaterem e poderem até dinamizar algumas iniciativas. E temas não faltam: escolas, bairros sociais, transportes, jardins, segurança, urbanismo, desemprego, crianças em risco. Não temos competência para discorrer sobre estas questões? Não podemos aqui destinar um espaço, por pequeno que seja, para nos preocuparmos com uma reflexão um pouco mais profunda sobre os nossos problemas colectivos? Tornaríamos, decerto, muito mais útil para a comunidade o trabalho desta Assembleia.
Ermesinde, 29 de Setembro de 2007