Clarificação da cdu e defesa da sua honra sobre as afirmações feitas em nome do psd em 29/10/2005, na tomada de posse desta autarquia
Consideramos abusivo o que o psd faz quando vai ao ponto de afirmar que a cdu queria isto ou aquilo, pelo simples facto de não termos sido consultados, nem pelo ps, nem pelo psd, para ouvirem e saberem da nossa opinião sobre o que nós pretendíamos.
Será que o psd perguntou ao ps se este partido auscultou a opinião do pcp para a constituição do executivo? E teria o ps, ou presidente da junta em nome do ps, enganado o psd, dizendo-lhe que o pcp exigia aquilo que o psd veio a afirmar no seu documento da tomada de posse?
A esse respeito não temos dúvidas de que o psd as tivesse. Se dúvidas houvesse, desvanecer-se-iam logo com a afirmação do presidente da junta, dirigida aos eleitos a empossar, de que, se o processo tinha decorrido assim, foi porque só no dia anterior à tomada de posse é que teve a resposta do psd.
Portanto, tudo foi feito em conluio do ps, ou do presidente da junta em nome do ps, com o psd.
Em todos os processos eleitorais anteriores, o pcp colocou sempre como condição: participar no executivo sim, mas em conformidade com os resultados eleitorais obtidos por cada partido.
E por isso mesmo é que tivemos, nos três ultimos mandatos no executivo, 2 ps, 2 psd e 1 cdu, porque entendíamos que só assim era respeitada a proporcionalidade dos resultados obtidos.
Mas repetimos, por exigência nossa. Porque se quiséssemos, tinham-nos oferecido condições para, num caso, deixar de fora o psd, o que não aceitámos; noutro caso, deixar o ps só com um elemento, porque este partido tinha ganho as eleições. Se não, nem a isso tinha direito, o que tambem não aceitámos, mas por uma questão de coerência, que outros não mostram ter, para além de terem memória curta.
Ao contrário de outros, que nunca aceitaram pelouros e nunca fizeram nada, a não ser ir às reuniões do executivo - quando iam -, a nossa participação no executivo foi efectiva, trabalhando com franca e leal cooperação, dentro das responsabilidades que o Presidente da Junta nos atribuiu e, muitas das vezes, para além delas.
Para não recuar mais no tempo: que houve a dizer do trabalho do nosso camarada Oliveira, de 1997 a 2001, como tesoureiro e responsável por diversas frentes, entre as quais o pelouro da cultura? Elogios e reconhecimento pela sua franca e leal dedicação.
E durante os primeiros três anos e meio de 2001 a 2005? Que há a dizer sobre o trabalho do nosso camarada Barbosa Alves? Empenho e muito empenho nas tarefas que lhe confiaram. E mesmo aqueles que querem denegrir o seu trabalho, fazendo passar a mensagem de que a sua função como tesoureiro deixou a desejar, vêem as suas pretensões cair por terra, ao verem aprovadas por unanimidade e sem qualquer reparo, em abril de 2006, as contas referentes ao ano de 2005.
Será que há duvidas sobre os cheques assinados pelo tesoureiro?
É que se houverem, lembramos que todos os cheques, levam obrigatoriamente duas assinaturas. De quem era a outra assinatura?
E não tinham todos os membros do executivo anterior, incluindo os do PSD, possibilidade de, todos os meses, apreciar um relatório financeiro do executivo? Se tinham, porque não o fizeram?
Assim fica provado que a alguns senhores dá mais jeito atirar a pedra e esconder a mão.
Mas bastou apenas a discordância do tesoureiro em relação a um caso que consideramos de gritante injustiça e ilegalidade (o caso da campa n.º 35 do 4º talhão do cemitério de campo) para que quase caísse o carmo e a trindade e fosse posto em causa o trabalho de tantos anos, que tinha ficado para trás.
É verdade e é legitimo que a CDU quisesse mais do que o que veio a obter na votação. Mas conseguiu três eleitos para a Assembleia de Freguesia, elegendo mais um dos que os que tinha no mandato anterior. E cá estamos nós a respeitar a vontade popular.
Naturalmente, todos queriam muito mais do que aquilo que obtiveram, principalmente o PSD, que foi, de todos, o único que, em vez de subir, viu baixar a sua votação e perder um eleito para a CDU, ao ponto de legitimamente ser considerado o grande derrotado dessas eleições, apesar de, ao que consta, ter em sua posse uma sondagem encomendada que lhe garantia a vitória.
Quando o PSD diz que a CDU queria mais do que aquilo que obteve no julgamento popular e não respeita esse mesmo resultado está a fazer batota e a inverter os papéis. Porque se esquece ou faz-se esquecido que foi o PSD que, em aliança com o PS, ou com o Presidente da Junta em nome do PS, cozinharam para os dois uma maioria absoluta que a população nas urnas não deu a ninguém.
O PSD tenta encontrar a solução para o êxito da CDU com a comparação dos cabeças de lista de 2001 e 2005. Naturalmente que, para a CDU, é motivo de regozijo ver o PSD ser obrigado a vir a público reconhecer aquele nosso importante resultado eleitoral. Se os partidos fossem todos iguais, pagaríamos com a mesma moeda e apresentaríamos como resposta para o fiasco do PSD em 2005 a comparação dos cabeças de lista de 2005 e 2001.
Mas não enveredamos por esse caminho, porque o consideramos politica e eticamente reprovável. Mas fica nesta declaração escrita do PSD demonstrado quem claramente respeita quem. E quem, à falta de ideias, confunde divergências de opinião política com ataques pessoais.
Convém referir que se trata de uma declaração escrita, logo pensada.
Por isso, se nos for permitido um conselho ao PSD, gostaríamos de aqui o deixar. É que não percam muito tempo a analisar os nossos êxitos, embora compreendamos a sua preocupação e incómodo. Que se debrucem, isso sim, a encontrar explicações para a sua estrondosa derrota na freguesia e até mesmo no concelho, tendo em conta o desastre eleitoral que obtiveram em campo nas eleições para os orgãos autárquicos concelhios de 2005.
É que nunca é demais relembrar que o PSD, em campo, para a câmara e assembleia municipal, perdeu, em relação a 2001, mais de 500 votos, ao ponto de significar a perca do seu principal argumento, que era o de dizer, quando confrontados que o seu trabalho em campo era mau para a população, responder sempre que se dizia mal, mas não percebiam porquê, uma vez que ganhavam sempre as eleições em campo.
Mas esse argumento acabou, meus senhores, porque também o perderam.
Pois o PSD perdeu em campo, para a câmara, as eleições que vinha ganhando nos últimos anos.
Tendo em conta alguma opinião que circula em torno dos resultados da eleição para a presidência da assembleia municipal, que querem fazer crer ser o resultado de um acordo ou aliança entre a CDU e o PSD a nível concelhio, queríamos deixar aqui, como eleitos e representantes da CDU e do PCP, esta afirmação:
1º - não houve nem há nenhum acordo com o PSD que levasse à conquista da presidência da assembleia municipal pela cdu, apesar de termos trocado opiniões sobre o assunto, através de responsáveis concelhios de ambos os partidos, assim como também fizemos com o PS.
Neste capítulo, gostaríamos de ressalvar que, em muitas situações até hoje (acreditamos que possam melhorar no futuro), tem sido mais possível a este nivel falar com o PSD do que com o PS, apesar de se poder pensar o contrário.
2º - que, se realmente estivemos empenhados na construção de um acordo sobre o assunto, foi sim com o PS, empenhamento que mantivemos até ao dia e até cerca de duas horas antes da tomada de posse da assembleia municipal, através de uma resposta que esperáamos do PS, mas que acabou por nunca chegar.
Gostaríamos de acrescentar que o próprio PSD era sabedor da nossa abertura a um acordo com o PS, porque partíamos do principio que apoiaríamos quem ganhou as eleições para a assembleia municipal, desde que o ps estivesse seriamente interessado em negociar o que estava em causa, o que por parte desse partido não veio a acontecer, daí a apresentação da nossa candidatura à presidência da assembleia municipal, que acabou por vencer com maioria absoluta e, como é suposto, com os votos também do PSD, uma vez que, como se sabe, a votação é secreta.
É de estranhar (ou não) esta aliança do PSD com o PS, ou do presidente da junta em nome do PS, em campo, se tivermos em linha de conta o comportamento destes dois partidos, que se apresentam como dois fortes adversários, mas que, na realidade, é o que se vê: aliados no essencial, fazendo o jogo um do outro.
Haja coerência: se quisermos recordar os dois últimos actos eleitorais para as autarquias em Campo, decerto que nos lembraremos da acesa disputa desses dois partidos, que pouco faltou nalguns casos para passar a vias de facto.
Relembrar também que, no inicio do mandato anterior, o presidente da junta, que é o mesmo de agora, por causa das quezílias entre ele (ou o PS) e o PSD, agendou e efectuou as reuniões do executivo às quintas-feiras de manhã para dificultar a presença dos vogais do PSD, que por esse motivo nunca compareceram.
A manter-se aquela situação, iria levar à perda de mandato, por faltas, desses eleitos do PSD. E, se assim não aconteceu, foi pelo facto da CDU ter apresentado uma proposta para que se retomasse o horário das reuniões à noite, proposta que foi aprovada, porque contou com o apoio do PSD e a abstenção do PS. E porque é que tivemos de ser nós a apresentar essa proposta?</p>
Porque só nós é que tivemos o sentido democrático e do respeito que a todos é devido e porque não andamos aqui para satisfazer os interesses ou os caprichos pessoais, seja de quem fôr.
E se não foi o PSD a apresentar essa proposta, foi pelo facto de não estar interessado em fazer nada e utilizar esse argumento, como depois veio a provar, ao rejeitar qualquer pelouro na junta.
Coerência, meus senhores, haja coerência! Mas onde está a coerência do PSD?
Se o PSD afirma que respeitou o resultado eleitoral em Campo, que conferiu a vitória ao PS, e permitiu que este partido governasse com maioria absoluta, apesar de a não obter nas urnas, afastando assim do executivo a CDU, porque é que, em coerência com esta ideia, o PSD não votou no candidato do PS para a presidência da assembleia municipal, uma vez que foi o PS quem ganhou essas eleições concelhias e supostamente votou no candidato da CDU, que acabou por ser eleito?
E se, como publicamente se comenta, a resposta do PS à CDU não chegou por dificuldades internas, que foram ao ponto de levar a demissões, isso é um assunto que não nos diz respeito.
Mas, por favor, PSD, PS e todos os "ex" envolvidos: fiquem vocês com as vossas dificuldades internas, mas não atirem para cima de nós os vossos problemas.
Uma nota final: se só agora tomamos posição, é porque tambem só agora discutimos a acta referente à tomada de posse.
Campo, Junho de 2006
Os Eleitos da CDU